‘Uma Miku que Não Sabe Cantar’: O Novo Filme de Hatsune Miku Promete Surpreender

“Colorful Stage! O Filme – Uma Miku que Não Sabe Cantar” estreia nos cinemas brasileiros em maio

Chega aos cinemas nacionais, no mês de maio, Colorful Stage! O Filme – Uma Miku que Não Sabe Cantar, longa-metragem baseado no jogo mobile Project Sekai: Colorful Stage (também conhecido como HATSUNE MIKU: COLORFUL STAGE!), desenvolvido pela Colorful Palette. A distribuição no Brasil fica por conta da Cinecolor Filmes.

Na trama, a icônica diva digital Hatsune Miku, que há anos conquista fãs ao redor do mundo, enfrenta uma crise inesperada: sua música, agora parece não emocionar mais ninguém. Em busca de uma solução, Miku cruza o caminho de várias bandas do jogo a qual começam a ajudara-la a superar esse desafio

Diferente de uma adaptação direta dos eventos do jogo, o filme apresenta uma narrativa completamente original que se encaixa na cronologia. Por isso, quem deseja entender mais profundamente o universo das bandas e personagens apresentados encontrará no próprio game um complemento ideal. Ainda assim, o enredo é acessível o bastante para que novos espectadores consigam acompanhar a história sem dificuldades.

No Japão, é comum o chamado “”franquia multimídia,”” onde uma obra pode receber continuações em outros formatos. Várias franquias seguem essa proposta, como Mobile Suit Gundam e Macross. O exemplo mais recente do uso desse formato é o anime Guilty Gear Strive: Dual Rulers.

Um dos destaques da produção é a presença de diversos Vocaloids animados como personagens principais — não apenas Hatsune Miku, mas também Meiko, Kaito, Luka, Rin e Len. Para os fãs veteranos de cultura pop japonesa, essa reunião pode despertar nostalgia, especialmente entre aqueles que acompanharam o auge desses personagens no fim dos anos 2000 e na primeira metade da década de 2010. Já para o público mais jovem, que talvez não esteja familiarizado com esse universo, o longa pode servir como uma introdução ao fenômeno.

O Que é vocaloid?

O Vocaloid é um software de síntese vocal desenvolvido pela Yamaha Corporation em 2004, que permite aos usuários criarem músicas com vozes artificiais. Hatsune Miku, lançada em 2007, tornou-se rapidamente a mais popular entre essas vozes — ultrapassando o mundo dos computadores e ganhando vida em shows ao redor do mundo, inclusive no Brasil, como no Anime Friends 2018. Ela também teve participações em jogos como Phantasy Star Online 2, onde canta “Living Universe” ao lado de Luka, e em animações como Black Rock Shooter, inspirada em uma de suas músicas mais icônicas.

Nos dias atuais, embora Miku e outras Vocaloids e Utauloids continuem lançando músicas e mantendo uma base ativa de fãs, sua força no Ocidente já não é a mesma da última década. No Brasil, especialmente, uma nova geração de fãs da cultura japonesa pode não estar familiarizada com a personagem. Dessa forma, o longa pode ser interessante tanto para os admiradores antigos quanto para quem ainda não teve contato com esse universo.

Sobre o filme

A história do filme apresenta uma versão inédita de Hatsune Miku, desconhecida pelas outras bandas, que tenta — sem sucesso — cantar para as pessoas, mas não consegue ser ouvida ou sequer notada. Durante sua trajetória, ela encontra personagens do jogo que tentam ajudá-la, compondo uma narrativa que, mesmo com um elenco numeroso, consegue dar breves pinceladas sobre a personalidade de cada um. Ainda assim, o foco permanece nessa representação única da diva virtual.

Um dos temas centrais é o impacto das emoções negativas na identidade e expressão de um ser, já que o “SEKAI” (mundo) dessa versão da Miku reflete os sentimentos que ela absorve das pessoas. No jogo original, cada SEKAI representa a essência emocional da banda protagonista — seja um cenário monocromático e vazio, seja uma sala de aula ou outros ambientes simbólicos. De forma sutil, o filme também sugere que existem múltiplas Mikus, cada uma representando diferentes aspectos dos grupos musicais, algo que no game é abordado de maneira mais direta.

Nos dias de hoje, animes de bandas estão ganhando um nicho até que forte, cada um trazendo uma abordagem diferente, seja uma trama quase que de terror psicológico, ou até mesmo a de fazer novas amizades e também críticas a bandas que se venderam aos interesses de corporações e aqueles que querem seguir seus sonhos.

As sequências musicais, apesar de simples, exibem uma diversidade de estilos populares no Japão contemporâneo — desde grupos de idols semelhantes aos da franquia Idolm@ster, até bandas colegiais, como as vistas em animes como Bang Dream! It’s MyGo!!!!!, Bocchi the Rock! e Girls Band Cry. Todas as cenas musicais do filme são animadas em 2D, sem o uso de CGI, o que reforça o cuidado artístico da produção. Em um dos momentos, há inclusive um cover de uma canção do cantor Eve, conhecido por seu trabalho no cenário J-pop.

Fãs atentos também notarão referências sutis espalhadas pelo longa. Em uma loja de discos, por exemplo, é possível encontrar faixas clássicas da Miku como pequenos “easter eggs”. Locais reais de Shibuya — como o famoso cruzamento e o prédio 109 — também aparecem em algumas cenas, conectando o mundo virtual à realidade de Tóquio.

Além disso, o filme presta homenagem ao fenômeno da “multiplicidade” de Miku no mercado pop. A personagem já ganhou inúmeras versões, como a Snow Miku, e se tornou protagonista de memes e figures temáticas, tamanha sua influência cultural.

No fim, Colorful Stage! O Filme – Uma Miku que Não Sabe Cantar é uma celebração ao legado de Hatsune Miku — um sonho realizado para muitos fãs: ver a cantora protagonizando um anime, não apenas como coadjuvante, mas como figura central de uma produção cinematográfica. Para os jogadores de Project Sekai, o longa oferece uma história inédita, uma bela mensagem emocional e a alegria de ver seus personagens favoritos ganhando vida na tela grande.