Crítica | Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas
15/12/2017[widget id=”yuzo_widget-4″]
A não-convencional vida de Wiliam Marston (Luke Evans), psicólogo e inventor de Harvard que ajudou a tornar real o Detector de Mentiras e que também criou a Mulher-Maravilha, personagem dos quadrinhos, em 1941. Marston mantinha uma relação polígama envolvendo sua esposa Elizabeth Marston (Rebecca Hall), psicóloga e inventora, e Olive Byrne (Bella Heathcote), uma ex-aluna que virou acadêmica. Essa relação e os ideais feministas das duas mulheres foram essenciais para a criação da personagem.
Este é sem dúvida alguma um filme, como a vida de William Marston, nada convencional. Pois ele não fala sobre a criação da Mulher Maravilha, uma das personagens ícones dos quadrinhos ou como ter uma vida a três.
Não. Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas fala sobre aceitação. Não uma que esperamos de outras pessoas, como amigos e familiares, mas de nós mesmos.
Durante todo o filme temos uma exposição formidável de como a relação entre os três cresce. Como amadurecem e aprendem quem são, os seus limites e os daqueles que amam.
Em nenhum momento a direção de Angela Robinson irá se atrever a dizer ao expectador que o que vemos na tela é o certo ou o errado. Em dizer que nossos “moralismo” devem ser repensados. De forma alguma. Ela respeita a nossa inteligência e quem somos, apenas colocando na tela uma vida, com seus acertos e erros.
Outro ponto é a maneira como é mostrado o sexo. Em nenhum momento do filme vemos Marston, interpretado por Luke Evans, olhar para suas parceiras de maneira libidinosa ou como um fetiche masculino de ver duas mulheres se tocando. Ele as observa com carinho, amor, algo que vai além de uma relação carnal, transformada em desejo e que dividir aquilo, é o mesmo que possuir. Pois quando elas se amam, ele possui o amor delas, pois ela as ama.
E o mesmo ao contrário.
Este filme vai além do clichê roteiresco e fácil de colocar que o amor vence tudo. De transformar a relação em um dramalhão com choros e preconceitos. O roteiro sabe que é sua história é algo da vida real, de um acontecimento concreto e que a vida em si, já é cheia de conflitos.
Este é um filme que além de mostrar e nos lembrar em partes que ele foi o criador do Detector de Mentiras e de Diana Prince, muito do que lemos nos quadrinhos, em filmes, seja onde for, foi criado por pessoas que também tinham problemas e motivações. E que não importa qual elemento da vida possamos estar passando, todos precisamos de uma fonte, de uma “musa inspiradora” para vivermos. E a dele, sem dúvida foram suas Mulheres Maravilhas.
E que subam as cortinas! Até a próxima!!
Pontos fortes do filme
- A fotografia é perfeita. Figurino, modo de vida da época, tudo foi feito de maneira perfeccionista.
- A cena de sexo entre os três personagens, é uma das melhores já vistas. Ela retrata de maneira poética o que é a entrega e a relação entre pessoas. Sem necessidades de apelação, apenas mostrando a alegria que sentem em estarem juntos naquele instante. Destaque para o final dessa cena, com os três em contraste com a luz.
- E ainda sobre luz, o filme traz isso em muitos instantes. Principalmente nas cenas (trailer), de Oliver saindo das sombras como a “Mulher Maravilha” e mais no fim as duas como manchas únicas que se tornam duas.
- A trilha sonora foi muito bem trabalhada. Em várias cenas, principalmente quando os personagens estão apenas pensando, a música some, deixando apenas o som local como tema. A sensação de vazio e apenas de nossos pensamentos, fica mais evidente com os personagens.
- E em vazio e sem sons, também são alguns diálogos, quando as duas personagens apenas se olham e a resposta está mais do que clara e evidente. Mostrando assim, que as Mulheres ainda tem muito a nos ensinar, pois o homem necessita de respostas vindas da boca, diferente das mulheres que estão além deste tipo de comunicação.
- Temas como o BDSM são tratados durante o filme, de maneira sútil e sem dizer seus acrônimos.
- Uma das cenas, com várias HQs sendo queimadas, é uma referência (mesmo que sem querer), a “Fogueira dos Quadrinhos”, acontecimento do movimento que levou a histeria várias pessoas, principalmente com artigos da Time, que as HQs possuiam conteúdo inapropriado a formação moral das crianças. Foi o ano de caça as bruxas do Senado Americano, década de 1950, com a criação do selo Comic Code Authority. Lembrando que a história do criador da Mulher Maravilha, é antes da década de 50. Marstom morreu em 1947.