As Brigadas Fantasma | Sequência de A Guerra do Velho é superior ao primeiro livro
09/10/2017[widget id=”yuzo_widget-4″]
Na continuação do premiado romance Guerra do velho, a tenente Jane Sagan descobre um ardil sendo tramado contra a humanidade e um plano para a subjugação e a erradicação de sua espécie inteira. É um genocídio planejado detalhadamente com base na cooperação, até então inédita, entre três raças. E um ser humano. Para lidar com essa trama, as Brigadas Fantasma e suas tropas que já nascem com o propósito de proteger a raça humana precisam entrar em ação. Passando por conflitos de identidade, mas com um forte senso de companheirismo, esses soldados serão liderados por Jane Sagan, que precisa impedir uma guerra entre espécies enquanto lida com um fato preocupante: em meio a suas fileiras, pode haver um traidor. Com a escrita dinâmica, leve e inteligente característica de John Scalzi, As Brigadas Fantasma discute questões éticas e de identidade enquanto envolve o leitor na história de uma grande conspiração política e bélica.
Livros devem serem lidos com calma. Em um local relaxante e silencioso. Errado! Principalmente se estivermos falando de As Brigadas Fantasma de John Scalzi. Este é um livro viciante e impossível de parar de ler.
É daqueles que você inicia no café, continua lendo ao escovar os dentes, no caminho para pegar o transporte, dentro do transporte e não dá para largar.
Sequências são difíceis de superarem as obras originais. Mas existem exceções. E isto acontece com este livro, se podemos dizer que As Brigadas Fantasma seja realmente uma continuação.
Este segundo livro está mais para uma aventura independente. A trama é totalmente a parte do que aconteceu no primeiro livro, A Guerra do Velho. Com novos desafios e uma história mais densa, o leitor é levado a fazer muitos questionamentos sobre identidade, ou seja, sobre o que realmente somos. E não “quem” somos.
Uma das partes principais é: para que criamos coisas? Sejam máquinas, carros, robôs e as Forças Especiais? Criamos para facilitar o nosso dia-a-dia. Para que nenhum ser humano possa ter o perigo de se machucar e até mesmo perder a sua vida. Isso é um fato no desenvolvimento da sociedade humana. Podemos pegar como exemplo a Revolução Industrial, com sua novas máquinas que aumentaram a produtividade e o capitalismo. Mas acabou gerando um desemprego. E aqueles que ficaram sem o seu trabalho, jogaram a culpa nas máquinas.
Portanto, temos um medo enraizado dentro de nós destas máquinas e seres que acabamos criando para fazerem o que não podemos. E assim podemos colocar um limitador de vida, como em Blade Runner ou incutir um objetivo nas Forças Especiais que é proteger a humanidade. Pois a protegendo, estão se protegendo também.
É a verdadeira história de Frankstein.
E além destas questões serem debatidas em suas páginas, John Scalzi vai além com temas sobre confiança e até onde o que fazemos é o bem e o mal. E que em uma Guerra, cometer certas atrocidades por um bem maior, parece ser o correto.
Ele não discute ou leva o leitor a aceitar certas atitudes que acontecem no livro. Não! Ele coloca friamente o ponto de vista e deixa de maneira sutil que o leitor absorva e faça a sua crítica. E perceba quantas coisas são feitas por nossos governantes, sejam eles civis ou militares, que nem ao menos sejam ao nosso conhecimento. E não chegam, porque preferimos não saber.
É muito melhor criarmos clones para uma Guerra, do que deixar que levem os jovens que irão sem dúvida morrer em uma batalha e sermos ameaçados de extinção. Isso é anti ético. Mas ninguém liga que isso aconteça a clones. A final, eles foram criados para isso.
Estes debates são colocados de maneira fenomenal pelo autor.
Também relembra que não são apenas as memórias que ativam nossas lembranças, mas também certos acontecimentos, sabores etc. Como provar um delicioso café e lembrar da infância. Através do paladar quando fechamos nossos olhos e vamos ativando através destas sensações lembranças prazerosas que tivemos de nosso passado. E até mesmo de tristezas e traumas.
As Brigadas Fantasma deve ser lido por todo tipo de público. Por fãs de ficção científica, alunos do ensino médio, professores, psicólogos e amantes da leitura. Por que?
Pelo simples fato dele falar de maneira individual com cada uma dessas pessoas. Um adolescente se verá fácil como um dos membros das Forças Especiais que de repente devem sair daquele mundo conhecido e com o único objetivo de fazer uma faculdade, pois este sempre foi o alvo traçado para elas. Professores para entenderem o seu real papel como aqueles que não apenas ensinam, mas ajudam jovens e outras pessoas a compreenderem o seu real papel na sociedade e a ter um senso individual e crítico. E por aí vai.
Cada um irá ter sua experiência única com As Brigadas Fantasma. Se em A Guerra do Velho, podíamos questionar a nossa importância, motivações neste mundo e até mesmo a solidão, nesta sequência percebemos o quanto somos ligados mesmo que indiretamente a outras pessoas. O quanto necessitamos fazer parte de um grupo, seja ele grande ou pequeno. De saber e reconhecer seus sentimentos, de compartilhar e a dor que é ser arrancado disso tudo. Mas que ao mesmo tempo, podemos sim sobreviver e vivermos sem nada disso. Pois tudo é apenas uma questão de escolha. E não de papéis e documentos que dizem “o que você é”.
As Brigadas Fantasma foi lançado pela Editora Aleph.
- Origem: NACIONAL
- Editora: EDITORA ALEPH
- Edição: 1
- Ano: 2017
- Assunto: Literatura Internacional – Ficção Cientifica