18ª Bienal Internacional do Livro Rio | 2º Fórum de Educação discute a juventude
05/09/2017[widget id=”yuzo_widget-4″]
Nesta segunda-feira, dia 4 de setembro, aconteceu 2º Fórum de Educação, na 18ª Bienal Internacional do Livro Rio, no Riocentro. Enxergar o estudante como protagonista da aprendizagem; buscar uma escola que faça sentido e acolher as identidades e diferenças, de forma a evitar a exclusão, foram alguns dos desafios que mobilizaram a conversa entre os professores e especialistas do fórum, com curadoria do Canal Futura e mediação de João Alegria, diretor do Canal.
Para o Tião Rocha, um dos convidados do debate, a educação é uma relação de troca. “Educação só existe no plural: eu e o outro. Para gerar aprendizagem e haver troca, é preciso estabelecer o equilíbrio entre os diferentes, não reforçar as desigualdades”, defendeu o educador Tião, que contou sobre sua experiência no trabalho com crianças e jovens em lugares como o Vale do Jequitinhonha e o interior do Maranhão.
Já a jornalista Flávia Oliveira, uma das apresentadoras do encontro, destacou as causas para os altos índices de evasão escolar, especialmente entre jovens negros e pobres. “As desigualdades vão se perpetuando. A escola é o primeiro espaço em que a criança percebe o racismo: ela muitas vezes tem a percepção de que aquele lugar não é para ela”, diz Flávia, citando ainda baixa renda, más condições de habitação e vulnerabilidade familiar como fatores que contribuem para a evasão escolar.
A professora guarani Sandra Benites emocionou o público com sua trajetória no ensino e no resgate da cultura indígena, dentro da comunidade guarani. “Muitas vezes, falta acolhimento e entendimento do jovem indígena nas escolas em geral, o que faz com que eles desistam de estudar. Esse esquecimento da identidade é uma violência simbólica muito grande”, contou.
ARENA #SemFiltro
A Arena #SemFiltro foi o palco de dois bate-papos com artistas nacionais. Os músicos Tico Santa Cruz e Leoni falaram sobre o atual cenário da política e da música no Brasil. Tico, conhecido por se posicionar ativamente nas redes sociais, ressaltou a importância da militância artística em causas como racismo, homofobia e desigualdade social e política. “Quando você se omite politicamente, você acaba autorizando que outras pessoas falem por você. Acho um desperdício não usar a nossa voz amplificada para batalhar por uma sociedade mais justa, para diminuir as desigualdades e dar voz àqueles que não conseguem compartilhar o seu sofrimento. Esse também é o papel do artista, independente do preço que se pague”. As transformações da sociedade, que, segundo Leoni, está cada vez mais focada em entretenimento e consumo, reverberam diretamente na arte. Para ele, quanto mais a sociedade caminhar na velocidade do capitalismo, mais a arte será desvalorizada. “A gente perdeu a capacidade de valorizar as coisas mais simples. Passando a acreditar que se não dão lucro, não valem o investimento. A arte é mais que isso. A arte é sonhar. E a música, assim como outras expressões, deveria estar livre de serem produtos mercadológicos”, disse.
À noite, a atriz, cantora, apresentadora e escritora Sophia Abraão, e a musicista e atriz Lucy Alves bateram um papo com a plateia sobre os tantos papeis desempenhados pelas multimulheres nos tempos de hoje. Para ambas, o conceito de fazer uma coisa só no ambiente profissional está ultrapassado. “O profissional é cada vez mais completo, homens ou mulheres. Todo mundo vive essa necessidade de ser um combo”, comentou Lucy. A conversa, mediada pelo produtor musical Bruno Levinson, trouxe à tona ainda um debate sobre igualdade de gênero e violência contra mulher. “As pessoas têm dificuldade em entender o feminismo. É simplesmente igualdade, seja em casa, no trabalho ou no convívio social. Ainda estamos muito longe disso, mas é bom saber que estamos caminhando” comentou Sophia, adicionando que entre todas as dificuldades que vive por ser mulher, a pior é a falta de segurança. Lucy, assim como todas as mulheres da plateia, concordou. “Sair na rua sem ser assediada, sem ficar assustada com tudo e com todos é algo que não existe para nós”. A última sessão desta segunda-feira foi encerrada com Lucy e Sophia dividindo com o público sua missão de vida: usar a arte e a capacidade de influenciar pessoas para dar chance ao diálogo, emocionar pessoas e fazê-las sentir, fazê-las viver.
Geek & Quadrinhos
Affonso Solano – curador do espaço – foi o mediador do debate “Achei que ler era chato”, que aconteceu nesta segunda, no pavilhão 4 – verde. Vivi Maurey, Luis Eduardo Matta e Marcelo Amaral foram os convidados da atração e eles disseram ao público como venceram o preconceito contra a “literatura chata” na adolescência.
Vivi – autora do livro #Fui – comentou que tomou gosto pela leitura quando conheceu os gibis da Turma da Mônica, as obras de Agatha Christie e o livro “Os Caras”, de Pedro Bandeira. Luis Eduardo – escritor de livros policiais para jovens – viu que ler era bacana e instigante quando teve acesso à série “A inspetora”, de Ganymédes José. Já Marcelo Amaral se encantou com “Feliz Ano Velho”, de Marcelo Rubens Paiva. O encontro entre os três autores esgotou a capacidade do espaço, limitada em 80 pessoas.
Palco Maracanã
Os donos de dois canais do YouTube (Neagle e Luis Mariz) agitaram a garotada nesta segunda-feira, na 18ª Bienal do Rio. Criadores do Neagle, Victor Trindade (Eagle) e Gabriel Fernandes (Neo) ambos com 19 anos – youtubers com 3,5 milhões de inscritos – fizeram o maior sucesso entre os seus fãs adolescentes. Os jovens autores deram pelos menos 400 autógrafos no livro “Neagle – Vivendo um sonho nos Estados Unidos”, que relata a rotina dos dois neste país. Na obra, eles contam detalhes de como é morar sozinhos e também dão dicas de como é possível estudar fora do Brasil.
A sessão de autógrafos com o youtuber Luis Mariz, que lançou recentemente o livro “Um ano muito louco”, da editora Astral Cultural, reuniu centenas de fãs mirins e adolescentes que vibraram, gritaram e se emocionaram ao encontrar o influencer. “Desde que comecei meu canal de vídeos, este contato com os fãs é surpreendente para mim. É muito doido ver a galera me abraçando, me beijando. Esse carinho é lindo”, comentou entusiasmado. O youtuber de 18 anos falou, ainda, sobre a responsabilidade de produzir conteúdo para um público tão jovem. “Crianças, adolescentes e até mesmo seus pais nos assistem, então nós sempre nos preocupamos em fazer o que é correto e mostrar isso nos vídeos. Tentamos também ter uma pegada educacional porque sabemos nossa responsabilidade”, finalizou Luiz.