18ª Bienal do Livro Rio | O público lota os corredores e as atividades da 18ª Bienal Internacional do Livro neste sábado
03/09/2017[widget id=”yuzo_widget-4″]
A 18ª Bienal Internacional do Livro foi o programa do sábado de milhares de famílias brasileiras. Todas as atividades, como sessões de autógrafos, Encontro com Autores, debates e recreações infantis estavam repletas e garantiram muita diversão, aliada ao conhecimento e à descoberta de novos mundos.
Geek &Quadrinhos
As atividades no espaço geek começaram logo cedo. Quem passou por lá garantiu a diversão com as batalhas de Swordplay, onde os combatentes guerrearam “até a morte” usando réplicas de espadas medievais. Já para quem estava à procura de atividades mais leves, não faltou opção: batalhas ilustradas, oficinas de HQ e mesa de tabuleiro e jogos de RPG. Na área de bate-papo estiveram em pauta o poder das super-heroínas e a adaptação para quadrinhos de “How to Talk to Girls at Parties”, de Neil Gaiman.
Arena #SemFiltro
Superesperadas pelo público da arena #SemFiltro, os fenômenos teens Maísa Silva e Priscila Alcântara bateram um papo descontraído sobre crescer com a exposição da mídia. Para as meninas que se tornaram referências no mundo digital, é importante que as plataformas de comunicação sejam usadas para debater temas relevantes, que ajudem outras pessoas ao mesmo tempo em que mostrem para o público suas opiniões.
As duas, que já têm livros publicados, falaram ainda sobre a importância da literatura. “Os jovens leem muito e estão lendo cada vez mais. O mercado entendeu essa necessidade e hoje nós temos espaços como esse para falar sobre coisas do nosso interesse”, afirmou Priscila.
Maísa, apesar de não ser muito mais velha que seus seguidores, disse que tenta ser um bom exemplo para eles. Ela também comentou sobre a preocupação em não transformar seu livro, que é baseado nos seus tweets, em uma biografia.
Já a australiana Leisa Raven, autora dos best-sellers “Meu Romeu” e “Minha Julieta”, teve um início de carreira bem diferente das atrizes: começou sua trajetória escrevendo peças na escola de teatro e ingressou no universo das fanfictions. Durante o bate-papo, a autora falou sobre a sua trajetória, projetos, personagens e suas histórias.
“Romance é o gênero ideal para se criar papéis e enredos perfeitos. Meus leitores brasileiros são apaixonados. Estou muito honrada e feliz de estar aqui no Brasil”, declarou. Laisa encerrou com um importante recado: “Sou uma mulher que crê em mulheres. Nós somos fortes e poderosas. Temos que usar esse poder para mudar o mundo”.
Com uma intensa programação, a Arena #SemFiltro também recebeu youtuber de games. Malena Nunes, a representante feminina do grupo, participou de uma sessão de autógrafos com os fãs e, entre uma assinatura e outra, dava seu recado: “Curta e assista aos meus vídeos, mas faça isso na hora certa! Tem hora para tudo. Estudar, jogar e tudo mais!”, incentivou.
Spok e Cauê, outras feras do assunto no Brasil, debateram o tema “Game é coisa de menino?”, com mediação de Chandy Teixeira, e surpreenderam a plateia ao revelar que, atualmente, 40% dos jogadores no mundo são mulheres. No Brasil esse percentual sobe para 53%. Das muitas lições do encontro, ficou a certeza de que não existe mais atividade de menino e menina, existem coisas legais que qualquer pessoa, independente do gênero, pode escolher fazer.
Café Literário
No início do dia, a sessão do Cafezinho Literário, outra novidade da Bienal, recebeu os educadores Rona Hanning e o Ricardo Leite, para um debate sobre a importância da curiosidade no desenvolvimento e o aproveitamento da leitura. Os integrantes do Instituto LER também falaram sobre o gênero literário moderno, que mistura texto e imagem para construir significados e desenvolve a criatividade.
Durante a tarde, o público vibrou com o italiano Nuccio Ordine, que, junto com Marco Lucchesi e Ana Maria Machado, falou sobre seu livro “A utilidade do inútil”. Exaltando a beleza dos templos históricos italianos, a amizade reverenciada no “O pequeno príncipe” – equivocadamente considerado um livro para crianças, segundo ele – e as cartas de Albert Camus para sua mãe analfabeta, Ordine emocionou e arrancou aplausos. “A arte é única e irreprodutível”, disse ele.
Ana Maria Machado brincou ao citar Leminsky, que defendia a teoria do “inutensílio”: o tempo, algo que não pode ser usado como ferramenta, mas que se mostra essencial para trabalhar a curiosidade. O trocadilho foi inevitável “é uma honra estar aqui discutindo a inutilidade do Nuccio”, brincou.
Marco Luchessi, por sua vez, exaltou a necessidade urgente do diálogo para a construção de um novo humanismo. Elogiou a fome de conhecimento dos alunos cotistas que chegam à universidade e ressaltou que o Brasil, com todos os seus problemas, é desafiante. “Meu discurso não é apenas político, mas de humanidade”, reforçou.
O Café Literário contou também com a participação da historiadora Lilia Schwarcz que falou sobre seu lançamento “Lima Barreto: triste visionário”. Com forte foco na questão racial, Schwarcz ressaltou a “escandalosa atualidade” que o autor, falecido em 1922, aos 41 anos, apresenta em sua obra e ao longo da vida. “Negar o racismo é a grande mentira deste país”, reforçou ela, que fez uma pesquisa de campo para a produção da biografia, indo às casas em que Lima Barreto viveu e conhecendo de perto o bairro de Todos os Santos, onde ele viveu sua infância. A obstinação da historiadora rendeu o tombamento da casa do autor, localizada na Ilha do Governador e que hoje é utilizada como depósito de bombas pela Aeronáutica.
A noite do Café Literário encerrou com a participação do procurador Deltan Dallagnol e do jornalista Fernando Gabeira. Lava-jato, corrupção, reforma política e indignação com a situação do País foram os temas abordados, que lotou a sessão. Ambos se mostraram preocupados em não desestimular os brasileiros no combate à corrupção. Segundo eles, a indignação deve ser o motor das mudanças e, que 2018, deve ser sinônimo de renovação na política. Dallagnol chamou atenção para os ataques à Lava-jato, hoje em sua 45ª fase e que está sob constante ameaça com as investidas políticas e jurídicas para bloquear os avanços, descredibilizar os processos e, com isso, levar à impunidade políticos e executivos de grandes empresas. “É preciso envolver a sociedade na defesa das dez medidas contra a corrupção”, ressaltou o procurador. Gabeira elogiou a nova geração que está em busca de nomes com propostas mais modernas e alinhadas no combate da corrupção. “Ela não soluciona tudo, há muito a avançar. Mas cobramos o básico dos políticos: não roubem e prestem contas do que fazem a serviço da população brasileira”, concluiu. Com uma plateia participativa, ambos saíram ovacionados do debate mais político da noite.
Encontro com autores
A escritora inglesa Paula Hawkins, autora dos best-sellers de suspense “A Garota do Trem” e “Em Águas Sombrias”, foi uma das atrações do Encontro com Autores, no auditório Madureira. A conversa com a jornalista Frini Georgekapoulos incluiu temas como processo criativo, a adaptação de seu livro para o cinema e feminismo, temperados com boas doses do humor britânico da escritora.
Logo depois, foi a vez de uma plateia de todas as idades ouvir o desenhista Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica, e o filósofo Mario Sergio Cortella. Eles falaram sobre as lições do livro “Vamos pensar um pouco?”, no qual Cortella vira um personagem e se junta à Turma da Mônica para levar temas da filosofia aos leitores.
6º Encontro de Booktubers debate dobre diversidade na literatura de jovens adultos
Os representantes do selo Young Adults (YA) das editoras Globo Livros, Companhia das Letras e VIR encerraram a noite de sábado debatendo sobre
a diferença entre a literatura infanto-juvenil e de jovens adultos, além dos temas de interesse para o público jovem. O último painel da noite da Bienal do Livro aponta os temas suicídio, depressão, questões de gênero, sexo e drogas como de maior sucesso entre os leitores.
Os booktubers presentes no painel reforçaram a importância da diversidade. “A identificação com o leitor que se vê nesses conflitos ou que os vivencia no seu ciclo de amizade é fundamental nesse segmento. Os leitores Young Adults querem se ver no livro”, analisa Vitor Martins, autor do livro para jovens “15 dias”. A tendência é que os personagens sejam cada vez mais reais, quebrando o preconceito sobre questões étnicas, de gênero e padrões estéticos na literatura.