Ghost in the Shell é a melhor surpresa do Sci-Fi dos últimos anos, confira nossa opinião

Ghost in the Shell é a melhor surpresa do Sci-Fi dos últimos anos, confira nossa opinião

30/03/2017 0 Por Surya
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Durante muitos anos (e bota anos nisso) fui grande defensora de que para termos uma boa adaptação é necessário que os roteiristas conheçam o produto original, seja ele desenho, livro, HQ ou até mesmo outro filme com consequente reboot.
Mas nos últimos anos, apesar da minha insistente resistência, percebo que esse discurso não está fazendo tanto sentido quanto antes.
Outras adaptações (não vou citar exemplos) mostrou-se grandes desastres para um público que está sendo deixado de lado quando fala-se em filmes. O público que não conhece o tal do produto original.
Pode parecer ironia, mas há pessoas que vão assistir um filme e nunca leram uma HQ do Esquadrão Suicida ou um livro dos Cinquenta Tons de Cinza. O filme deve ser feito principalmente para este público que tem que entender o filme pela ótima adaptação do roteiro e principalmente pela apresentação da história de forma consisa e que seja palatável para quem nunca ouviu falar do personagem X.
Quem é fan por consequência tem uma tendência de não notar as nuances do básico que muitas vezes na escrita do roteiro deixam de lado o essencial deixando o fanservice cheio de referências subir a tona agradando ao público veterano e deixando de lado a história para os novos.
Tornou-se comum críticas que destroem bons filmes ao compará-los com uma obra anterior, sendo que para o “leigo” muitas vezes cumpriu-se o papel.
Estamos na era que a indústria insiste em apresentar adaptações que já tem um público certo, mas ao mesmo tempo dá um tiro no pé por muitas vezes não atender as exigências nem de um público e nem do outro.
Isso vale também para as continuações, além dos famosos reboots e refaz.
Talvez a grande receita para que esse bolo saia mais saboroso é deixar que quem aprove o roteiro final seja realmente alguém que nunca tenha ouvido falar do Batman ou do Super-Homem e que tenha vivido em uma caverna ou em Marte nos últimos anos.
Depois dessa longa e necessária explicação vamos a mais uma adaptação da adaptação da adaptação. Estreia hoje nos cinemas A Vigilante do Amanhã, Ghost in The Shell.
A americana Scarlett Johansson é a protagonista Mira ou Motoko Kusanagi, no elenco está também o japônes Takeshi Kitano e a europeia Juliette Binoche.
Os habitantes dessa metrópole futurista estão intimamente integrados as cibermáquinas, – usam próteses biônicas para melhorar o aprendizado de vários idiomas em algumas horas ou trocar alguma parte do corpo que apresenta algum defeito. Dando uma boa explicação para o elenco multi cultural.
Uma saída perfeita para explicar a aparência ocidental da protagonista que afinal não passou de mais uma polêmica das redes sociais.
Deixando de lado essa questão vale a pena lembrar o começo desse artigo em complemento ao que vou citar agora.
Assisti o manga há muitos anos e não fiz muita questão de revê-lo. Quis aproveitar a oportunidade de assistir o filme do jeito que ele é, e surpresa, Ghost in the Shell apresentou-se como uma das maiores surpresas visuais dos últimos anos.
Bebendo de várias fontes como Avatar, Matrix, A Origem e Tron com uma pequena batida de taiko essa adaptação com takes panorâmicos de Rupert Sanders é de cair o queixo.
Uma fotografia e storyboard que em certos momentos reproduz quase que quadro a quadro o original, mas com uma leveza que enche os olhos.
Scarlett está bastante confortável nas cenas de ação e é fácil perceber que os anos como a Viúva Negra lhe rendeu um certo know-how.
O filme vai além do conteúdo do manga incluindo cenas extras sobre o passado de Motoko e do porque sua mãe ser oriental e ela não, mas convenhamos SPOILER turma que se ela é uma cyborg que teve a identidade roubada é até natural que ela possa ter um novo rosto.

 

 

 

Podem incluir Mira no hall das grandes heroínas do cinema, sem a necessidade de caricaturas e sapatos altos.
Mas deixando esse detalhe de lado e defendendo esse novo longa, deixe de lado as críticas que insistem em comprar a adaptação com sei lá qual obra original e vá assistir ao filme pelo filme, na dúvida vá conferir e se divirta, esse filme merece o meu joinha.

Só vou deixar essa cena do manga aqui, adorei a referência

 

 

 

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SINOPSE

Em um futuro próximo, Major é a primeira de sua espécie: uma humana que foi ciberneticamente melhorada, com a função de deter os mais perigosos criminosos. Quando o terrorismo atinge um novo nível, que inclui a habilidade de invadir a mente das pessoas e controlá-las, ela é designada a deter os avanços dessa prática. Na medida em que se prepara para enfrentar um novo inimigo, ela descobre que foi enganada: sua vida não foi salva, mas roubada.

  

 

 

 

SOBRE A PRODUÇÃO

 Passado em um futuro próximo, onde as linhas entre os humanos e a tecnologia estão cada vez mais indistintas, o live-action “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” traça as origens da Major: a primeira humana ciberneticamente melhorada com sucesso e líder da força de combate ao crime Seção 9.

Desde a publicação do mangá original de Masamune Shirow, em 1989, “The Ghost in The Shell” tem inspirado seguidores devotados em todo o mundo, incluindo cineastas influentes como Steven Spielberg, James Cameron e as irmãs Wachowskis. A épica franquia da mídia já inclui dois marcantes animes de longa-metragem, duas séries de TV, livros, vídeos e jogos para celulares.

Durante as últimas três décadas, a popularidade de “The Ghost in The Shell” continuou a crescer na medida em que seus temas centrais se tornaram mais pertinentes. “A história levanta questões filosóficas interessantes em um ambiente futurístico, mas, por acaso, também é relevante para questões que enfrentamos neste momento. O filme é sobre aquilo que nos define como indivíduos. E temos tudo isso no contexto de um grande e empolgante filme de ação”, explica o produtor Avi Arad, ex-Presidente do Conselho, CEO e fundador da Marvel Studios.

“A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” começou sua longa jornada em direção às telas do cinema, quando Avi Arad apresentou o projeto para Steven Spielberg – com a ajuda inesperada. “Encontrei por acaso com Steven e sua jovem filha na praia em Malibu. Ela sabia tudo que você possa imaginar sobre ‘The Ghost in the Shell’ e acabou fazendo a apresentação para mim. Foi assim que a bola começou a rolar”, lembra o produtor.

Em 2008, Spielberg e a DreamWorks adquiriram os direitos para fazerem a primeira versão live-action de “The Ghost in the Shell”. Batizado em português como “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell”, o filme é produzido por Avi Arad, Ari Arad, Steven Paul e Michael Costigan, que trabalharam juntos por oito anos, dividindo cuidados e somando esforços ao lado dos produtores executivos para tocar o projeto, encontrar o diretor e aos atores certos.

O britânico Rupert Sanders foi o escolhido para tocar a direção. O cineasta já estava bastante familiarizado com o primeiro anime (também chamado de “The Ghost in the Shell”), considerado por ele como um marco na história do cinema moderno, por causa da maneira como mistura um ambiente genuinamente japonês com temas populares da ficção científica. “O anime é espetacular, ele estabeleceu o padrão para uma estética futurística global. A personagem da Major é muito poderosa e sensual. Ela é humana e máquina ao mesmo tempo. A mistura de todos esses elementos foi muito empolgante para mim”, conta o diretor.

Não muito depois que Sanders assinou oficialmente sua participação no projeto, em janeiro de 2014, ele presenteou os produtores com uma história em quadrinhos de 110 páginas para expor sua opinião sobre o filme que fariam. “Queria retornar ao mundo original de “The Ghost in the Shell”. A linguagem visual do mangá se apoderou da minha imaginação, então usei muitas imagens do original naquela colagem inicial da história”, explica.

“The Ghost in the Shell” tem uma popularidade enorme no Japão, mas muitas pessoas na América e por todo o mundo também são fãs o anime. Algumas cenas clássicas impressionaram tanto Sanders, que ele se baseou nelas para criar a sua própria versão. “Aquelas imagens se tornaram o marco para desenvolvermos ‘A Vigilante do Amanhã’. Não reinventamos o filme desde as bases, mas também não o copiamos de fotograma a fotograma”, garante ele.

Cientes de que os fãs da franquia irão assistir ao filme com altas expectativas, toda a equipe se esforçou muito para tentar não somente alcançá-las, mas superá-las. “Nem todas as convenções de um mangá ou de um anime se traduzem direto para a fotografia de um live-action, porém tentamos ser fiéis ao espírito da história”, diz o produtor executivo Silver, que completa: “Quando você está trabalhando com algo que possui uma base global de fãs, realmente tem que honrar essas pessoas, dando não só o que esperam, mas algo além disso”.

Sanders sempre teve a intenção de fazer um filme maior em torno do material fonte e, ao mesmo tempo, honrar a essência filosófica original. Por isso, muitos elementos clássicos foram mantidos, como o ataque da gueixas na sequência de abertura, o caminhão de lixo, parte da Hanka Corporation e muitos outros pequenos”. Segundo Silver, apesar de haver conversas sobre humanidade, tecnologia e dualismo, o filme é, principalmente, uma jornada de autodescoberta, contada através de uma história de detetive bastante direta.

Um dos desafios enfrentados pela equipe foi assegurar que os principais elementos da história fiquem claros para os espectadores que não estão familiarizados com o material fonte. “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” se passa em um mundo onde seres humanos podem receber implantes de melhorias cibernéticas. Esses aprimoramentos podem ser usados legalmente para o bem ou ilegalmente para o mal. Sendo assim, alguns criminosos conseguem não somente entrar em uma conta bancária, mas também acessar as memórias e controlar de alguém. Para combater esses ciberterroristas, é criado um esquadrão de elite chamado Seção 9, do qual fazem parte algumas das pessoas mais capacitadas através de melhorias tecnologicamente, incluindo a Major.

Todos os envolvidos no filme sentiram a enorme responsabilidade de manter a integridade da franquia. Durante a criação do roteiro, do desenvolvimento e da filmagem, toda a equipe consultou o mangá e o anime para terem inspiração. Adicionalmente, Mamoru Oshii, diretor dos dois animes e Kenji Kamiyama, diretor da série para TV, foram convidados a visitar o set durante as filmagens em Hong Kong.

“Rupert fez sua própria versão dessa história. Este é o filme mais deslumbrante feito na série até agora. ele começa com composições, cores e ideias de iluminação. Sendo também um diretor, acredito que é melhor fazer o que se imagina, então desejei isso para Rupert”, disse Oshii, que aprovou também a protagonista do live-action: “A Scarlett Johansson ultrapassou de longe minhas expectativas para o papel da Major”, completou.

Maki Terashima-Furuta, vice-presidente de produção da I.G. USA, responsável pelos animes japoneses e pela série para TV acrescenta que “The Ghost in The Shell” foi uma grande inovação em sua época e, 20 nos depois, as pessoas ainda estão fascinadas por essa obra. “Tenho certeza de que haverá mais desta franquia”, comenta ele.

 

A ESCOLHA DO ELENCO

Um ponto importante para Rupert Sanders era criar um mundo multicultural e multiétnico em “A Vigilante do Amanhã: Ghost in The Shell”. Isso foi claramente refletido na escolha que ele fez para o elenco, que reúne atores de várias partes do mundo como Japão, Nova Zelândia, França, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Zimbábue, Dinamarca, Cingapura, Polônia, Turquia, Fiji, China, Romênia e Bélgica.

Scarlett Johansson lidera esse elenco internacional como a protagonista Major. Segundo Sanders, ela trouxe vida interior para a personagem central. “No anime, a Major é bastante reservada e isso é atraente e misterioso. Mas com o nosso filme, precisávamos entender melhor o que ela estava passando”, compara o cineasta. Tanto que a busca pela verdadeira identidade da personagem foi um tema muito debatido pelo diretor e a atriz.

“A Major passa a acreditar que tem tanto uma vida que lhe foi dada quanto uma vida que ela escolhe. Essa era a grande razão de eu querer fazer o filme. Encontrar a verdadeira identidade de alguém” conta a atriz. Mas não foi só a parte filosófica do filme que encantou Scarlett. Segundo ela, foi o visual desenvolvido para o live-action que a fez fechar o negócio.

“O que Rupert criou não é apenas uma homenagem para os fãs. Há um novo sentimento nesse filme. Não é o futuro imaculado que costumamos imaginar. A humanidade se devorou como uma cobra comendo a própria cauda. As cidades são construídas sobre outras cidades, as pessoas são feitas a partir de outras pessoas e de computadores”, descreve a atriz, que dá vida a personagem central da trama.

Mamoru Oshii, que dirigiu a versão anime de “The Ghost in The Shell” fez questão de elogiar a atriz por sua interpretação. “A Major possui um lado feroz e combativo, mas também é atormentada pela insegurança. Ela não é inteiramente humana, mas também não é um robô. Scarlett pode dizer muito com seus olhos. Ela é bastante parecida com a minha visão original para a personagem. O papel era para ela, e ninguém mais poderia tê-lo interpretado”.

O ator dinamarquês Pilou Asbæk foi selecionado para o papel de Batou – o braço direiro da Major. “Quando vi Pilou pela primeira vez, sabia que tinha encontrado o Batou. Ele tem um grande senso de humor direto e se parece perfeitamente com um urso, mas com uma sensibilidade que percebi que o personagem necessitava ter. Como os outros membros da Seção 9, Batou é melhorado ciberneticamente, mas não no mesmo grau da Major. Ela se torna uma ciborgue instantaneamente, enquanto que ele está gradualmente perdendo partes de sua humanidade. Cada vez que sofre mais um ferimento, algo mais é substituído em seu corpo”, explica Sanders.

Batou geralmente é um especialista em combate corpo a corpo, um matador. Mas, para Pilou, ele é também o coração e a alma de “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell”. “Mesmo não sendo totalmente humano, ele come pizza, bebe cerveja e adora cachorros”, diz o ator sobre o seu personagem, que é uma das poucas pessoas que Major se sente conectada e baixa sua guarda.

“Scarlett e Pilou são muito bons juntos na tela. Sua parceria é um relacionamento lindo, quase o clássico amor não correspondido. Ele a compreende, porque também passou por muito sofrimento. Ela é uma ciborgue, portanto eles não podem ter um relacionamento físico, mas ele é seu protetor. Qualquer história de amor não é mencionada, da mesma forma que acontece no mangá”, explica Sanders sobre a dupla.

Para interpretar Daisuke Aramaki, o chefe da Seção 9, foi escalado o ícone japonês Takeshi Kitano, um comediante, ator, diretor, escritor e designer de jogos. Extremamente fiel aos membros da sua equipe, Aramaki arrisca sua própria carreira para assegurar a sobrevivência deles. Ele também serve de mentor e de pai substituto para Major.

Sanders conta que cresceu admirando o trabalho de Kitano, tanto como ator quanto como diretor. “Ele foi uma das primeiras pessoas que quis trazer para o projeto. Não queria que Aramaki fosse um membro não ativo do grupo. Ele é um dos mais durões da turma e já passou por suas próprias guerras e batalhas. Ele ainda usa um revólver antigo, é o patriarca dessa família estranha e desestruturada chamada Seção 9”.

Kitano disse que foi atraído pela oportunidade de fazer algo que era japonês em seu âmago, mas que também era internacional em seu apelo. “O material original foi muito popular. As pessoas vinham esperando há anos por uma adaptação live-action. Rupert teve a energia e a tenacidade para fazer isso acontecer. Sua persistência faz dele um diretor de classe mundial”, elogia.

Com limitadas habilidades no idioma inglês, o ator preferiu falar japonês no set de filmagens e interpreta a maior parte de suas falas em seu idioma nativo. Isso se encaixa perfeitamente em uma tecnologia importante da história. Quando estão nas missões, todos os membros da Seção 9 se comunicam telepática e remotamente, através de uma melhoria implantada conhecida como mind-comm (comunicação mental). “Esses implantes permitem que eu fale japonês e fazem com que os outros entendam instantaneamente em seus próprios idiomas”, explica Kitano, que acharia bastante conveniente se pessoas pudessem usar algo do tipo atualmente.

A personagem da Dra. Ouelet, uma cientista líder da Hanka Corporation e criadora da Major, era um homem nas repetições anteriores da franquia. Mas Sanders sentiu que era importante enfatizar o lado maternal da personagem. “A Dra. Ouelet é realmente a mãe da Major, ela a construiu. A Dra. Ouelet é apaixonada pela idea de salvar a humanidade, acredita que não poderemos existir se não evoluirmos para além das nossas formas humanas mortais. Infelizmente, seu trabalho é financiado pelos militares, os quais têm outros motivos”, conta.

A atriz francesa Juliette Binoche, que interpreta a Dra. Ouelet, admite que ficou perplexa quando foi inicialmente abordada por Sanders. “Ficção científica não é o meu mundo, mas meus filhos me incentivaram a fazer o filme. Quando li o roteiro pela primeira vez, não entendi nada, porque a história é realmente um mundo dentro de outro mundo. Foi como quando você lê Shakespeare pela primeira vez, você não entende nada. Mas, quando você aprende algumas das palavras e referências, então a leitura se torna divertida e empolgante”.

Ser funcionária da Hanka Corporation proporcionou à Dra. muitas vantagens no seu trabalho, mas há um preço muito alto a pagar. “Suas intenções eram boas, mas ela se uniu ao diabo”, disse Binoche, que continua: “Sua mente científica é tão ambiciosa que ela se esquece do seu próprio lado humano”.

No início do filme, a Major tem a missão de encontrar e eliminar Kuze, o idealizador por trás de um ousado ataque a um alto executivo da Hanka Corporation. Um hacker brilhante em busca de vingança contra as pessoas que ele acredita que lhe prejudicaram, Kuze está disposto a sacrificar qualquer um que apareça em seu caminho. Interpretado por Michael Pitt, o personagem mostra-se ameaçador e vulnerável ao mesmo tempo.

“O mangá influenciou muito os filmes de Hollywood, a arte gráfica, tatuagens e a música industrial. Assisti ao primeiro anime em VHS, quando tinha uns 14 ou 15 anos. Nunca vi nada parecido com aquilo. Enquanto me preparava, assisti novamente ao filme original e fiquei muito surpreso por ele ainda ser tão atual. O mundo é complicado, assustador, extremamente empolgante e cheio de maldades e bondades – como o mundo em que vivemos”, diz Michael Pitt.

Kuze é um personagem composto a partir de vários elementos do universo de “A Vigilante do Amanhã: Ghost in The Shell”. Complexo, o personagem foi um desafio para o seu intérprete. “Ele é realmente um vilão? Não sei. Essa é uma das coisas únicas e interessantes sobre o roteiro. Trabalhei bastante em como ele falaria e estabeleci algumas regras para mim mesmo sobre a maneira que ele podia se mover. Escrevi páginas e mais páginas de uma história de fundo. Ele é um personagem tão estranho que eu simplesmente não conhecia nenhuma outra maneira para interpretá-lo”, lembra o ator.

Pitt chegou ao set de filmagens totalmente imerso na fisicalidade e violência de Kuze, conforme descreve Sanders: “Até começar as filmagens, ele comeu comida crua durante meses. Ele treinava boxe e fazia Pilates todos os dias. Estava bastante magro e repleto de músculos, desenvolveu um personagem muito profundo. Ele montou uma casinha para si mesmo em um container nos fundos do terreno, onde tinha um saco de pancadas e um cinzeiro. Depois, encheu cadernos com pinturas e mais pinturas sobre Kuze. Observá-lo era uma aula de mestre”.

Junto com Johansson e Asbæk, há um conjunto de cinco atores que formam o grupo de agentes que integra a Seção 9. Trata-se de uma equipe de elite responsável por conter o terrorismo cibernético. Eles foram escolhidos por seus conjuntos de habilidades exclusivas e melhorias específicas. “Reunimos um grupo fenomenal para interpretar essa equipe turbulenta e desorganizada”, disse Silver. “Cada um deles traz uma energia incrível. Eles são internacionais e é muito fascinante vê-los em ação”.

Dentro desse time de elite está o nativo de Cingapura, Chin Han, que interpreta o ex-policial Togusa. “Adorei o mangá quando criança. Togusa era meu personagem favorito. Ele é o único membro da equipe que não tem nenhuma melhoria cibernética, desconfia da tecnologia e sempre carrega um revólver Mateba. Além de também utilizar antigas técnicas de investigação”, conta Chin Han.

Sanders foi receptivo à opinião do ator em termos do desenvolvimento do visual que definiria o personagem. “Construímos Togusa a partir do zero, pedaço a pedaço”, disse Chin Han, que emenda: “Seu penteado passou por algumas encarnações diferentes, desde neorromantismo até o corte mullet. Fizemos escolhas específicas sobre como ele estaria vestido para refletir sua maneira antiga de pensar”.

A atriz e cantora britânica Danusia Samal faz sua estreia no cinema interpretando Ladriya, o único membro feminino da equipe, além da Major. “Ladriya não existe em nenhum dos outros registros anteriores de ‘The Ghost in the Shell’”, diz Samal. “Trabalhei junto com Rupert e com as equipes de maquiagem e figurinos para descobrir quem era ela e qual seria seu lugar no grupo. Rupert gosta de usar as qualidades que os atores trazem naturalmente para os papéis. Então, usei meu próprio sotaque. Isso cria uma dúvida sobre sua história: como essa pequena, rude e atrevida garota de Londres acabou fazendo parte da Seção 9?”.

Já Lasarus Ratuere, nativo de Sidney, interpreta o especialista em tecnologia da informação, Ishikawa. “Sua especialidade é invadir sistemas e manipular informações. Ele é ótimo em decifrar códigos. Por causa do mundo baseado em tecnologia em que vivem, suas habilidades são muito necessárias”, classifica.

Yutaka Izumihara, interpreta Saito, o sniper do grupo. “Ele tinha um olho de falcão, conectado a um satélite. A maquiagem levava cerca de uma hora para ser colocada e uns 30 minutos para ser retirada. Coçava um pouco, mas o processo exigia que eu ficasse imóvel, o que é uma boa preparação. Como atirador, tenho que estar imóvel, calmo e no controle”, comenta o ator australiano de descendência japonesa.

O papel proporcionou a Izumihara a oportunidade de conhecer vários de seus ídolos, incluindo Mamoru Oshii, diretor dos dois animes de “Ghost in the Shell”, Kenji Kamiyama, diretor da série para TV e “Beat” Takeshi Kitano. “Como fui criado no Japão, adorei os animes”, disse Izumihara. “Eles falavam sobre o futuro da nossa sociedade e novas tecnologias, mas também sobre a mente e o espírito. O povo japonês tem realmente muito orgulho da obra”.

Tawanda Manyimo, que é nascido no Zimbábue, interpreta Borma, o especialista em segurança e explosivos da equipe. “Borma serviu nas forças de defesa japonesas e gosto de pensar que ele lidera na retaguarda”, disse Manyimo, que continua: “É um cara grande e com uma força incrível. Ele é um soldado com um corpo mecanizado, então ele se conecta para recarregar, exatamente como a Major. Ele tem um ritmo constante, mesmo na maneira de falar”.

Foi desafiador conseguir realizar a seleção do elenco certo para um projeto multinacional e multicultural como “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell”, conforme disse Costigan. “Nunca vi um elenco de mulheres e homens talentosos que fosse tão diversificado. Rodamos por todo o mundo. Ninguém dormia porque fizemos seleções de elenco na Nova Zelândia, Austrália, Reino Unido e Europa, bem como nos Estados Unidos. O benefício foi que realmente conseguimos os melhores”.

 

FILMAGEM E PRODUÇÃO

 “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” foi rodado principalmente em Wellington, na Nova Zelândia, com filmagens adicionais em Hong Kong e em Xangai. Base de uma das mais sofisticadas indústrias de produção de filmes e programas de TV do planeta, a Nova Zelândia é famosa por ter sido o palco das franquias “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit”, “Jogos Vorazes”, “Maze Runner – Correr ou Morrer”, “Quarteto Fantástico”, “Avatar” e produções mais intimistas como “O Pianista” e a série de TV “Top of the Lake”.

A Nova Zelândia proporcionou aos cineastas uma situação ideal de produção, combinando cenários maravilhosos e diversificados com palcos sonoros e instalações de pós-produção de última geração, equipes internacionalmente renomadas e companhias de ponta de efeitos digitais e visuais.

“A Nova Zelândia é o local mais lindo e as equipes de filmagem trabalham incrivelmente duro”, disse o produtor Avi Arad. “Eles amam o que fazem e estão no topo do nível técnico. E o que foi mais importante para nós, eles todos estão vindo do universo geek. Acharam que fazer esse filme foi um privilégio, exatamente como nós achamos”.

A maior parte das filmagens de ação foi realizada no Stone Street Studios, instalações de produção de última geração, construídas por Peter Jackson, no coração de Wellington. “Peter  encontrou uma fábrica de tintas abandonada para o primeiro filme de O Senhor dos Anéis e construiu um palco sonoro”, explicou Sanders. “Desde então, ele construiu um mundo fantástico aqui. Meu diretor de fotografia, Jess Hall, e eu podíamos ir a pé para o trabalho no Stone Street Studios e no Park Road Post, onde fazíamos a revisão das filmagens, ou para a WETA Workshop, onde fizemos uma grande quantidade de projetos e construímos vários elementos práticos”.

Da mesma forma que o elenco foi formado por pessoas de várias nacionalidades, a equipe do filme também reuniu profissionais de todas as partes do mundo, incluindo Reino Unido, Jamaica, Holanda, Canadá, Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia e outros países. “Um grande diretor atrai brilhantes colaboradores e chefes de departamentos. Quando Rupert lançou o desafio criativo, eles o pegaram e o levaram para além de qualquer coisa que podíamos esperar”, elogia Ari Arad.

Além dos animes e do mangá, Sanders e o designer de produção Jan Roelfs se inspiraram em uma vasta série de fontes, incluindo os filmes de Stanley Kubrick e elementos de design do final dos anos 80 e início dos anos 90. Eles reviram filmes, imagens e até algumas edições da revista londrina dos anos 80, ‘The Face’. “Rupert usa uma abordagem visual bastante específica e em camadas. Desde o início ele achava que muitos filmes de ficção científica se passam eu um mundo pós-apocalíptico desbotado, azul escuro ou cinza, mas ele o viu de uma maneira bem diferente. Esse é um mundo tátil, cheio de cores que reflete a história pessoal da Major. Esse é um futuro no qual você quer viver, portanto há uma qualidade de realização de desejos”, disse Costigan.

Uma viagem para pesquisa em Hong Kong, meses antes do início das filmagens, proporcionou ideias adicionais. As tradições antigas se encontram com as altas finanças contemporâneas por lá, o que proporcionou um formato para a metrópole não identificada do filme, com um horizonte deslumbrante e áreas sombrias de decadência urbana.

Conforme disse Sanders, o filme se passa em um mundo onde convivem muitas crenças, raças e religiões. Não se passa no Japão, nem na China. Uma metrópole foi construída com um ar asiático, influências ocidentais e árabes. “As pessoas de todo o mundo acabam em uma grande cidade e as propagandas das ruas ilustram a mistura de culturas que todos iremos presenciar e absorver”.

“Rupert é muito consciente sobre arquitetura e muito exigente sobre as peças cenográficas e detalhes na textura”, disse Johnson. “Da nossa viagem a Hong Kong, incorporamos paredes de azulejo e andaimes de bambu. A cidade sem nome é uma mistura do futuro com o passado. É um futuro retrô de certa forma, com carros dos anos 70 e 80, e metralhadoras dos anos 90. Não há uma data específica, é quase um universo paralelo”.

Sanders e o diretor de fotografia Jess Hall se conheceram ainda estudantes na escola de belas artes Central Saint Martin. Hall passou dois anos pesquisando e desenvolvendo técnicas para capturar o mundo que o amigo imaginou. “Criei uma linguagem visual, personalizei uma paleta de cores e desenvolvi lentes e iluminação personalizadas para obter visuais que honrem o anime. A paleta de cores da animação era extremamente sutil e sofisticada. Selecionei uma paleta personalizada com a maior parte sendo de cores secundárias, as quais você não vê frequentemente no cinema”.

Para os artistas da WETA Workshop, que em sua maioria são fãs do mangá, dos animes e da série de TV, “A Vigilante do Amanhã: Ghost in The Shell” foi um projeto dos sonhos. “Quando discutimos sobre qualquer filme futurista na oficina, sempre nos referimos a esse mundo em particular”, disse Taylor, diretor criativo da empresa de design e fabricação.

Quando Sanders os convidou para se reunirem em Los Angeles, Taylor aceitou imediatamente. “As referências de Rupert foram inspiradas pelo trabalho original. Nossa equipe de projetos abraçou as referências incondicionalmente, porque o material tinha sido bastante inspirador para muitos dos membros da equipe. A oportunidade de tirar os personagens do anime e criá-los como personagens vivos para o live-action foi uma oportunidade muito além da nossa mais fértil imaginação”, conta Tayor.

Os figurinos de “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” foram criados por Kurt e Bart, pois Sanders queria um figurinista que viesse da moda das ruas, pois nem todo mundo usa as mesmas coisas. Enquanto que as roupas do anime original são distintamente dos anos 80, o diretor queria se certificar de que esse filme não parecesse estar congelado em uma era passada.

“Vimos as versões estilizadas do futuro a partir dos filmes de ficção científica dos anos 70”, explica o sócio de Sanders, Bart Mueller. “Rupert é prático em todos os aspectos, especialmente de uma perspectiva visual. Mesmo antes de nossa preparação de sete meses na Nova Zelândia ser iniciada, eu acordava às três da manhã com textos recebidos dele, com links para imagens. Ele constantemente fornecia inspiração para sua equipe”.

A maioria dos ternos masculinos foi feita por uma companhia chamada Rembrandt, a última e mais antiga alfaiataria na Nova Zelândia. “A colaboração deles foi ótima, porque precisávamos usar muitos materiais não tradicionais”, disse Swanson. “Fizemos alguns ternos de materiais antigos tirados de obis e de quimonos. Eles foram excelentes nos auxiliando no que pretendíamos fazer. Depois, nos ajudaram a produzir muitas peças em um curto período de tempo”.

Um dos elementos mais marcantes do anime, que foi incorporado ao live-action, é o traje de invisibilidade da Major. Criada por Kurt e Bart, juntamente com a WETA Workshop, o traje é o resultado de meses de pesquisa e desenvolvimento. “Eles passaram incontáveis horas pensando em como seria seu visual e como construí-lo”, disse Costigan. “Kurt e Bart pesquisaram tecidos de alta tecnologia que só agora estão sendo disponibilizados  no mercado”.

Já as inúmeras próteses utilizadas no filme foram responsabilidade da maquiadora e cabeleireira Jane O’Kane e sua equipe. “Conforme as instruções de Rupert, trabalhamos muito de perto com a WETA Workshop, que projetou e fabricou todas as próteses”, disse ela. “Não há quase nenhum personagem nesse mundo que não tenha alguma forma de prótese ou  extensão cenográfica. Usamos, literalmente, milhares de figurantes para o pano de fundo além dos atores principais. Para as cenas de rua em Hong Kong, tínhamos um grupo de 120 pessoas para cada um dos últimos dias, cada um deles com bastante trabalho nos cabelos e maquiagem”.

Muitas das cenas acrobáticas com tiroteios foram filmadas por Guy Norris e sua equipe. A dificuldade que enfrentaram no trabalho foi se adequar a realidade do universo futurista de “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell”. “Nossos personagens melhorados, especialmente a Major, podem fazer muito mais do que um humano comum”, ele explica. “Ela pode correr mais rápido, saltar mais alto e lutar melhor, mas não no sentido de um super-herói”.

Scarlett Johansson passou mais de um ano se preparando para o papel, um dos mais exaustivos de sua carreira. “Foi um desafio, mas não seria ‘Ghost in the Shell’ sem loucas sequências de luta e tiroteios. Aquelas cenas foram exaustivas e capacitadoras ao mesmo tempo. Aprendi a lidar com as armas, completar todas as lutas e fazer todo o trabalho presa em arames, com o apoio da equipe de cenas perigosas”, ela assume.

A atriz começou a treinar habilidades de luta específicas com o treinador especialista em artes marciais, Richard Norton, em Nova York e em Los Angeles, vários meses antes do início das filmagens. “Meu trabalho foi desmistificar o máximo possível para Scarlett os movimentos de luta específicos”, disse Norton. “Vejo o que um ator pode fazer, ensino algumas coreografias e o ajudo com as ferramentas necessárias dentro das lutas”.

Ela se tornou especialista em dar socos a apenas poucos milímetros do adversário, disse Sanders. “É assustador assistir. Ela encontrou a raiva a e a humanidade escondida da Major. Ela é também uma das poucas pessoas que consegue atirar um pente de munição completo de uma metralhadora automática sem fechar os olhos”.

Para sustentar tanta ação, temos a trilha sonora do compositor Clint Mansell, na qual uma simples melodia se desenvolve através da jornada de descoberta da Major. “Senti que precisávamos de uma trilha sonora que nos ajudasse entender o que está acontecendo com ela emocionalmente”, disse Sanders. “Alguns dos trabalhos de maior sucesso de Clint fazem exatamente isso. Clint é um bravo compositor e essa trilha sonora expande o universo do filme. Esse filme precisava daquela voz original e de alguém que não estivesse muito preocupado com as regras”.

“A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell” foi uma história difícil de filmar, disse Sanders, mas também lhe deu uma oportunidade de levar para as telas do cinema um mundo pelo qual ele é apaixonado. “Sou um adulto com a sensibilidade de um adolescente”, ele admite. Levei algum tempo para encontrar o projeto certo, porque fazer um filme é um grande empreendimento. “Você vive e respira o filme todos os dias”.