Quem é Tolkien
14/01/2015
Filólogo, renomado professor de Língua Inglesa, escritor e tradutor. Conhecedor de mitologia e das grandes sagas do norte europeu. Poliglota. Mas também um pai amoroso de quatro filhos, casado com Edith Bratt, aquela que se tornou uma fonte de inspiração recorrente em suas histórias fantásticas.
Um homem de hábitos simples que gostava das coisas simples da vida, de estar perto da Natureza, de apreciá-la e de sair em sua defesa. Além disso, um autor que reverenciava a “palavra” e que sabia extrair dela todo seu poder mágico. Um inventor de línguas e que lhes deu um lugar para existir. Este foi John Ronald Reuel Tolkien (1892-1973) e, ao lugar-planeta que criou para suas histórias, palavras e idiomas, ele deu o nome de Arda.
Nascido em Bloemfontein, na África do Sul, Tolkien mudou-se ainda criança com a mãe para a Inglaterra. E lá, desde muito cedo, já se encantava com histórias sobre dragões e mitologia. Ficava maravilhado com as palavras em galês, escritas nos vagões de um trem que transportava carvão. Esse universo das palavras e, principalmente, das histórias que estão por trás delas, o iria acompanhar pelo resto da vida. Não podemos nos esquecer de que a Terra-média e as histórias dO Hobbit e dO Senhor dos Anéis surgiram por causa dos idiomas, como um resultado de seus interesses primordialmente lingüísticos; nas palavras do próprio Tolkien: “…esse trabalho foi iniciado a fim de fornecer o pano de fundo ´histórico´ necessário para as línguas élficas.” Por exemplo, uma das línguas por ele criadas, e que conta até mesmo com uma gramática e um número considerável de palavras, é o Quenya, o idioma dos Altos-Elfos de Valinor.
À essa altura, você pode se perguntar: Terra-média? Elfos? Valinor? Quenya? Tantas palavras estranhas…o que significam? Não se preocupe, caro visitante, pois estas palavras sempre fazem parte do dia-a-dia daqueles que desejam se aventurar pelas maravilhas (e também pelos perigos), encontradas nas páginas dos livros. No entanto, se hoje falamos de Tolkien com uma certa familiaridade, isto se deve, em grande parte, ao enorme sucesso que as recentes adaptações cinematográficas de duas das suas mais importantes obras, tiveram junto ao público.
Lançado em 1937 e tendo como primeiros ouvintes os filhos de Tolkien, “O Hobbit” conta a história de Bilbo Bolseiro, um simplório e pacato habitante do Condado que, por intermédio do mago Gandalf, sai à caça de aventuras pela Terra-média, com o intuito de ajudar um grupo de Anões a recuperar sua casa e seu tesouro. Tendo agradado em muito aos leitores, os editores pediram à Tolkien uma continuação da história. E a continuação veio, com mais aventuras sobre Hobbits, Anões, Humanos, Elfos, Orcs e Magos, num cenário muito mais detalhado e elaborado que o livro antecessor. Além disso, trazia um roteiro extremamente complexo, baseado principalmente em dois temas: uma guerra envolvendo um anel maléfico (que foi “encontrado” por Bilbo em O Hobbit…) e o restabelecimento da justiça e da liberdade, representadas pelo retorno de um rei justo e sábio, há muito esquecido. Trata-se de “O Senhor dos Anéis”, lançado em 1954-55, e considerado por muitos a obra definitiva de Tolkien.
Mas, caso você queira ir mais a fundo na obra tolkieniana, poderá encontrar em “O Silmarillion” as histórias dos Dias Antigos, um passado remoto e bem distante dos acontecimentos narrados nO Senhor dos Anéis. Publicado em 1977, quatro anos após a morte de seu autor, este livro trata da criação de Arda (que, na verdade, nada mais é do que o planeta Terra). Além de contar como surgiu o mundo, o Sol, a Lua, as estrelas, a fauna e a flora, neste livro é narrado o “despertar” dos Elfos, o surgimento dos Homens e os reinos por eles fundados; e as guerras envolvendo essas raças contra um inimigo comum, Melkor, o primeiro Senhor do Escuro, pela disputa das jóias chamadas Silmarilli, que continham a luz das Duas Árvores de Valinor.
Podemos encontrar mais histórias dos Dias Antigos em duas outras obras: “Contos Inacabados de Númenor e da Terra-média” e “Os Filhos de Húrin”, ambas relacionadas aO Silmarillion, com textos comentados pelo filho de Tolkien, e que trazem uma visão complementar às narrativas.
Ainda dentro do universo da Terra-média existem “A Última Canção de Bilbo”, uma espécie de epílogo aO Senhor dos Anéis, composta quando o velho hobbit embarca com os Elfos rumo ao Oeste e “As aventuras de Tom Bombadil”, uma série de poemas ambientados no universo do célebre cantor de botas amarelas, habitante da Floresta Velha.
Para encerrar essa viagem ao mundo tolkieniano não podemos deixar de citar os doze volumes da série “The History of Middle-earth”(ainda sem tradução para o português). Ao longo dos anos 80/90, Christopher Tolkien, filho e um quase “co-autor” da obra de Tolkien, publicou esta série que se tornaria referência obrigatória para estudiosos, fãs e entusiastas da obra do Professor. Tratam-se de escritos, ensaios sobre diversos aspectos do mundo de Arda e da Terra-média, contando com versões antigas do material já publicado e conteúdo ainda inédito. Um exemplo é o sétimo volume da série, intitulado “The Treason of Isengard”, onde encontramos alguns personagens bem conhecidos do Senhor dos Anéis, porém aqui com outros nomes….